Mamografia com Contraste

 

 

 

 

 

Introdução

Muitos foram os avanços tecnológicos desde a descoberta dos Raios-x em 1895 por Willhem Conrad Roentgen, de forma que anualmente, semestralmente, mensalmente somos surpreendidos por novas tecnologias de diagnóstico por imagem, dessa maneira podemos afirmar que não haverá fim para essa evolução, é aprimoramento em cima de aprimoramento continuamente.

Neste cenário contemplamos a evolução quantitativa e qualitativa dos métodos de diagnóstico por imagem dos tecidos mamários.

Nesse artigo procurei destacar o quanto é primordial se atentar aos novos métodos e conhecer quais suas principais aplicações.

mamografia contraste

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(Figura 1)

Contextualizações

Há quase quatro décadas a mamografia vem mostrando sua supremacia e eficiência quanto ao diagnóstico de doenças mamárias tanto benignas como malignas. É notável e plausível que sua utilidade não reside apenas na alta sensibilidade para identificação de lesões suspeitas, mas também no fator do custo relativamente baixo quando se fala em um programa de rastreamento a nível populacional.

Após a introdução da mamografia digital muitas ferramentas foram inseridas ao método considerado padrão ouro no diagnóstico precoce ao câncer de mama, porém persiste uma grande limitação: a alta densidade dos tecidos mamários, fator esse que pode gerar dúvidas no diagnóstico, em alguns casos obscurece lesões e consequentemente, promovendo redução de sensibilidade diagnóstica [1].

Muitos são os estudos que questionam a sensibilidade da mamografia tais estudos mostram claramente que a alta densidade mamária é considerada uma barreira a boa visualização e interpretação dos laudos monográficos, ou seja, uma vez que a densidade aumenta consideravelmente a sensibilidade do exame pode cair.

Observa-se que o tecido fibroglandular denso pode sobrepor lesões e desta forma dificultar a identificação e classificação das mesmas, ou ainda a avaliação de modo global de toda sua extensão e, mesmo em tecidos de menor densidade, algumas lesões podem ficar radiologicamente escondidas.

mamografia contraste

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(Figura 2 Mama relativamente densa. Cedida gentilmente pela Tecnóloga em Radiologia Ana Diniz – Paraíba – Brasil.)

Afim de evitar diagnósticos imprecisos e excesso de biopsias desnecessárias, é comum adicionar outro exame. A ultrassonografia mamária trabalha em parceria com a mamografia de modo complementar, é inócua, indolor e não causa danos algum aos tecidos mamários.

Vale ressaltar que é um método que depende consideravelmente de seu operador necessitando equipe treinada e em alguns casos dedicado exclusivamente a mama.

Em alguns casos o uso da mamografia e ultrassonografia não são suficientes para um laudo preciso e idôneo, nesses casos seletos pode ser necessário a utilização da Ressonância Nuclear Magnética das Mamas para uma avaliação mais completa tanto em termos de diagnóstico como estadiamento, esse método tem se mostrado com alta sensibilidade e precisão para diagnósticos de lesões mamárias.

A Ressonância Magnética tem limitações de disponibilidade e valor elevado do exame, considera-se também que alguns pacientes não podem fazer uso do método devido a contra indicações apresentadas por eles mesmos.

Diante dessas circunstâncias entre desenvolvimento e acurácia surge a mamografia digital com uso de contraste iodado também chamada de angiomamografia como método complementar a mamografia e a ultrassonografia direcionando melhor a equipe a localização de lesões mamárias já existentes ou ainda ocultas.

O princípio utilizado é o mesmo da Ressonância, ou seja, encontrar lesões em que devido a angiogênese, a permeabilidade tecidual esteja alterada.

O contraste é administrado após a paciente estar confortavelmente sentada na sala de exames, no 2º minuto após a injeção são iniciadas as aquisições de imagens, são realizadas uma incidência por minuto. Invariavelmente em 7 minutos o exame está completo e encerrado.

As incidências a serem adquiridas são as mesmas da mamografia tradicional conforme descritas com László Tabár [2], crânio caudal e obliqua médio lateral, facilitando dessa forma a curva de aprendizagem e análise pelos interpretadores. O método possibilita ampliação do estudo simultâneo em ambas as mamas, boa tolerabilidade por parte das pacientes e com índices de artefatos de movimento reduzido.

Esse método é indicado para o estudo complementar em casos de mamas densas, avaliações de lesões suspeitas ou ocultas, avaliação de extensão de lesões ( tumores multicêntricos ou multifocais), afim de esclarecer lesões que a mamografia, ultrassonografia e a ressonância magnética não tenham sido capazes de fornecer diagnóstico plausível.

A mamografia com contraste é capaz de fornecer informações satisfatórias e adicionais a mamografia, sobretudo trazendo maior amparo quanto ao diagnóstico em mamas densas, com sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivos e negativos superiores a mamografia tradicional isoladamente.

Esse método  pode ser empregado como ferramenta  á prática clínica devido ao seu relativo baixo custo e rápida curva de aprendizagem.

Conclusões

Neste cenário contemplamos a evolução quantitativa e qualitativa dos métodos de diagnóstico por imagem dos tecidos mamários e suas novas aplicações, sem desvalorizar os antigos métodos e sim em um amplo aperfeiçoamento contínuo.

Vale destacar a necessidade que o profissional das técnicas radiológicas esteja em constante evolução de igual modo, uma vez que este é imprescindível tanto na parte operacional como no cuidado e trato do paciente.

1. Nelson Hd et AL. Risk factors for breast cancer for women aged 40 to 49 years: a systematic review and meta-analysis. Annals of internal medicine 2012, 156(9), 635-648.
2. Tabar L, Fagerberg G, Duffy SW, et al. The Swedish two county trial of mammographic screening for breast cancer: recent results and calculation of benefit. J Epidemiol Community Health. 1989;43:107-14.

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