Energia Nuclear. Conheça a verdade sobre as usinas nucleares

 

 

 

 

 

Há algum tempo quando em minhas aulas tenho que falar sobre a geração de energia elétrica por usinas nucleares uso o texto a seguir como uma introdução a este assunto que é mais atual do que nunca.

“A energia nuclear é uma das formas de se obter energia elétrica em larga escala. Com o esgotamento dos recursos hídricos próximos aos principais centros consumidores, com as dificuldades de licenciamentos ambientais para o aproveitamento das matérias primas remanescentes e o constante crescimento da demanda de energia, a participação da energia nuclear na produção de energia elétrica é fundamental na medida em que contribui para a melhoria na qualidade de vida da população e para o desenvolvimento econômico do pais.”

 

Neste mês de janeiro de 2015 foi noticiado que a usina hidroelétrica localizada no rio Paraíba do Sul teve que ser desativada, pois não há água suficiente no rio para gerar energia e manter o abastecimento de água ao estado do Rio de Janeiro.

Energia Nuclear

Energia Nuclear

Passei boa parte de minha vida escutando a falácia de que a nossa matriz energética apoiada em nossos recursos hídricos era estável e segura, pois água era um recurso que tínhamos de sobra e assim os governos civis que vieram a partir dos anos 80, com todo o apoio de ambientalistas sem noção, fizeram a população crer que não precisávamos de energia nuclear.

Como todos sabiam que Deus era brasileiro, nossos recursos hídricos nos dariam tempo suficiente para que acreditássemos em outra falácia que as energias solares, eólicas, das marés (esta então é de doer) iriam adquirir tecnologia suficiente para fornecer a energia supostamente limpa que iríamos precisar e de quebra nos ajudaria a nos livrar do uso das nossas usinas termoelétricas.

Para quem não sabe usinas termoelétricas queimam combustíveis fósseis (carvão, óleo, gás …) para gerar energia e são de longe as mais poluentes do mundo.

Mas vamos a nossa energia nuclear. A maior vantagem ambiental da geração elétrica através de usinas nucleares é a não utilização de combustíveis fosseis, evitando o lançamento na atmosfera dos gases responsáveis pelo aumento do aquecimento global e outros produtos tóxicos.

Usinas nucleares ocupam áreas relativamente pequenas, podem ser instaladas próximas aos centros consumidores e não dependem de fatores climáticos (chuva, vento, etc.) para o seu funcionamento.

Reatores nucleares são instalações que utilizam a reação nuclear de fissão em cadeia, de forma controlada, para a produção de energia ou de fluxo de nêutrons. Mas o que é fissão nuclear?

Fissão nuclear – é a quebra de um núcleo atômico pesado e instável através de bombardeamento desse núcleo com nêutrons moderados, originando dois núcleos atômicos médios, mais 2 ou 3 nêutrons e uma quantidade de energia enorme (+/- 200MeV).

Fissão nuclear

Fissão nuclear

A geração de energia elétrica por usinas nucleares nos traz grandes vantagens como: não libera gases que vão aquecer a atmosfera, o Brasil possui grande disponibilidade de combustível, a geração de energia por quantidade de material nuclear é assombrosa (um volume de urânio equivalente a uma bola de tênis e capaz de gerar tanta energia quanto um prédio de 5 andares repletos de gasolina), a quantidade de resíduos gerados é pequena e tem independência de fatores climáticos.

Como desvantagem sempre é mencionado o risco de acidentes nucleares e possível contaminação de rios e/ou mares pelo uso de sua água.

Energia Nuclear

Energia Nuclear

Na figura anterior apresento um esquema de um reator nuclear do tipo PWR (usa água pressurizada) que é o sistema adotado no Brasil. A água do mar, no caso brasileiro, é utilizada no sistema de água de refrigeração ou circuito terciário de um reator e como pode ser observado este circuito está localizado fora do prédio do reator e em nenhum momento esta água entra em contato com qualquer material ou água contaminada (circuito primário).

E quanto ao risco de acidentes é bom que se saiba que não há um registro, que eu conheça, de acidentes na França onde mais de 80% de sua emergia é gerada em usinas nucleares. 

Nos EUA o acidente que merece registro, usina de Three Mile Island – 1979, teve seus efeitos todos contidos no prédio do reator. Além disso gerou lições aprendidas que foram aplicadas nos projetos de usinas que vieram, evitando um novo acidente deste tipo.

Mas Chernobyl e Fukushima?

Chernobyl era um modelo de reator nuclear somente usado nas antigas repúblicas soviéticas sem as imposições de segurança dos reatores do ocidente e mesmo assim somente ocorreu a explosão química e liberação de material radioativo por erro humano na operação. Se os operadores não tivessem deliberadamente desligado os sistemas de segurança este acidente não teria ocorrido.

E quanto a Fukushima?

Em Fukushima ocorreu um dos maiores terremotos da história seguido de uma das maiores tsunami da história. E mesmo assim somente a água da piscina de um dos reatores nucleares vazou para o meio ambiente.

Quando falo nisso sempre proponho um exercício de imaginação, se o terremoto seguido de tsunami acontece no Paraná e abalasse Itaipu quantos teriam morrido?

O programa nuclear brasileiro em sua origem (década de 70) já chegou a prever a construção de 9 usinas nucleares. Três na região sudeste, três na região nordeste e mais três na região centro-oeste. No final da década de 80 este planejamento foi jogado fora.

Quando houve a sequencia de apagões no governo FHC, por falta d’água nas nossas hidroelétricas, voltamos a discutir a importância de se ter usinas nucleares na região nordeste. Mas choveu e os ambientalistas nas suas salas com ar condicionado e água gelada, desenvolveram uma bela campanha e sepultaram esta ideia. Hoje ainda não conseguimos se quer terminar Angra 3.

Mas e agora José? A água não veio. Estamos usando água de subsolo para beber. Água que deveríamos estar guardando para os nossos netos usarem.

E neste mês de janeiro de 2015 com sensação térmica de 55 graus no Rio de Janeiro e tendo que começar a pensar ou se bebe água ou gera energia, sinto falta das entrevistas dos grandes ambientalistas que tanto marretaram a energia nuclear com suas soluções miraculosas para resolver este dilema.

Caros encerro lhes deixando a pergunta inicial:

Energia nuclear. Ainda é um demônio?

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