Acidente de Goiânia – 28 anos do maior acidente radioativo do Brasil
No dia 29 de setembro de 1987, o Brasil recebia a notícia de um acidente com material hospitalar que havia deixado dezenas de pessoas passando muito mal há 15 dias.
Algumas horas depois, era confirmado, não só para o Brasil mas para o mundo, que era um acidente com material radioativo. O acidente ocorrido em Goiânia foi o maior acidente radioativo da história do Brasil, em uma combinação de negligência e falta de conhecimento da população.
Como Aconteceu o Acidente de Goiânia
No dia 13 de setembro de 1987, dois catadores entraram em uma clínica de radioterapia abandonada a procura de sucatas para vender para ferros velhos. Esta clínica se chamava Instituto Goiano de Radiologia – IGR, os donos da clínica haviam deixado lá um aparelho de radioterapia com fonte de césio 137.
Foi justamente este aparelho que os catadores encontraram. Levaram para casa uma peça de chumbo do aparelho, dentro desta peça estava uma capsula blindada contendo o césio 137.
Acidente radioativo em Goiânia
Os dois catadores ao chegarem em casa violaram a cápsula de césio 137, sendo os primeiros a terem contato direto com o radiosótopo. Em seguida, a peça de chumbo retirada da clínica abandonada junto com a cápsula de césio foi vendida para um ferro velho da região, o ferro velho do senhor Devair Ferreira.
Devair Ferreira ao ver o brilho que aquela cápsula emitia no escuro, ficou maravilhado, totalmente apaixonado por aquele brilho. Em todo lugar que ia levava a cápsula com césio.
Aos poucos, as pessoas próximas começaram a passar mal. Seu irmão, Ivo Ferreira, levou um pouco das pedrinhas que brilhavam no escuro para a sua filha, Leide Das Neves, que com as mãos contaminadas ingeriu partículas de césio junto com ovo cozido. Muitas pessoas passaram mal com a contaminação do césio durante aqueles dias, porém, nos hospitais da região, os médicos acreditaram ser algum tipo de virose.
A Descoberta do Acidente de Goiânia
A esposa de Devair, Maria Gabriela, ficou desconfiada da cápsula estar causando aquele mal estar nas pessoas próximas ao ferro velho e levou para uma junta médica, afirmando que as pessoas da família e amigos próximos ficaram doentes após a chegada daquela “peça estranha”.
A cápsula foi levada de ônibus, contaminando todas as pessoas dentro do ônibus e no caminho do ferro velho até o hospital. A cápsula ficou em análise e, somente 16 dias, o acidente foi descoberto pela autoridades. Iniciando vários processos para descontaminação.
No total 1000 pessoas foram expostas aos efeitos do césio 137, destas, 129 pessoas apresentaram contaminação corporal interna e externa, vindo a desenvolver sintomas e foram apenas medicadas. Porém, 49 foram internadas, sendo que 21 precisaram sofrer tratamento intensivo, destas, quatro não resistiram e acabaram morrendo.
A morte da menina Leide das Neves, com 9 anos de idade, foi o símbolo do resultado da falta de conhecimento da população e da negligência das autoridades e dos donos da clínica abandonada.
Acidente radioativo em Goiânia
Veja esta reportagem da época:
No inicio dos anos 90 foi gravado este filme, chamado o “Césio 137 – Pesadelo de Goiânia”, contando toda a história do acidente. A qualidade do vídeo deixa um pouco a desejar, mas vale a pena assistir: