Este estudo identificou que na atenção secundaria no setor de radiologia, existem grandes dificuldades para efetivar o cuidado humanizado. A motivação de realizar este estudo advém das observações do trabalho dos profissionais no setor radiológico.
O objetivo deste trabalho foi relatar experiências vividas no setor de radiologia de um Hospital, com enfoque na humanização do setor radiológico, identificando as principais dificuldades encontradas pelos profissionais da área e sugerir possíveis soluções para melhoria da humanização no setor.
Trata-se de um relato de experiência, realizado durante um estágio supervisionado obrigatório do curso técnico em Radiologia, no período de fevereiro a abril de 2014, no setor de Radiologia de um Hospital no interior do estado do Rio Grande do Norte.
Os descritores Radiologia, Humanização e Serviço hospitalar de radiologia foram identificados por meio da busca nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) através do endereço eletrônico: http://www.desc.bvs.br (offline).
Utilizamos como critérios de inclusão a relação com o tema proposto, publicações em língua portuguesa, artigo científico, trabalhos completos e pesquisas disponíveis, e que tenham sido publicados no período de 2008 a 2014. Esse recorte temporal se deve ao fato da modernização e atualizações da área.
Este estudo identificou dificuldades dos profissionais das técnicas radiológicas para uma prática de trabalho humanizada bem como o desconhecimento em parte da política nacional. O relato parece que é algo simples de ser feito, que deve ser natural, já que seres humanos cuidam de seres humanos rotineiramente.
Humanização Radiológica
No entanto, observa-se a dificuldade de alguns profissionais chamarem o paciente pelo nome, dar um sorriso, olhar nos olhos, percebê-lo como alguém que necessita de atenção e escuta indo além da tecnologia proporcionada por uma máquina.
Não está se propondo a diminuição do uso da tecnologia, mas, sim, a utilização de outras formas de perceber o paciente, indo ao encontro do que é preconizado pela Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde e ao Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas.
Segundo o artigo 4º do capitulo III do Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas, 2011, O alvo de toda a atenção do Tecnólogo, Técnico e Auxiliar em Radiologia, é o cliente/paciente, em beneficio do qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade física e profissional. A humanização é um processo simples e ao mesmo tempo bastante complexo, já que envolve mudanças comportamentais, assim, a importância da comunicação entre os profissionais é de extrema importância para um cuidado humanizado.
O trabalho do técnico em radiologia é pautado por cuidados complexos, individualizado, integral e humanizado, apesar das grandes dificuldades. A cobrança pela produtividade e pela qualidade é entendida até pelo alto número e a diversidade de exames realizados por dia.
Mas, o alto fluxo de pacientes faz com que alguns profissionais esqueçam de que todo exame envolve uma ou mais vidas, sob o aspecto de temor frente ao diagnóstico, fato que tese propicia alterações até de percepção psicológicas e emotivas e exerçam um trabalho mecanizado.
O hospital é uma grande instituição de saúde que deve trabalhar de forma integrada e humanizada para atender às necessidades dos pacientes que o procuram.
Conclusão
No entanto, o que se percebe é um sistema desarticulado, no qual cada setor executa seu trabalho de modo individualizado com pouca comunicação com os demais.
Com isso, os exames acabam sendo repetidos, submetendo o paciente a mais radiação e consequente demora do seguimento de seu atendimento que pode vir a ser em parte prejudicado.
Tal fato decorre da pouca comunicação, falta de interesse e interação da equipe multiprofissional; e dificuldades sobre informações básicas, como posicionamento adequado, e letras ilegíveis, são realidade do cotidiano.
Os profissionais que estão dando assistência ao paciente no momento do exame ficam receosos do perigo à exposição dos raios-X e, com isso, deixam o local em busca de proteção.
Assim sendo, este realiza o posicionamento em condições desfavoráveis por estar sozinho, e com muita pressão de tempo e qualidade do serviço, correndo risco de causar algum acidente na manipulação indevida dos pacientes.
A participação de todos os profissionais ajudando-se mutuamente potencializa a diminuir o risco de acidentes e o paciente não sofre com a manipulação única de um funcionário, partindo do pressuposto que todas as informações devem ser difundidas e aplicadas na forma prática entre os profissionais.
Sugere-se que as instituições e órgãos públicos e privados competentes da saúde estimulem e promovam treinamentos e cursos de atualizações profissionais sobre o tema.
Somado a essas observações, vale salientar a escassez de estudos sobre a humanização do trabalho do radiologista, o que demonstra a relevância do tema, e enfatiza-se a importância de mais estudos aprofundados na área.