Existem dois tipos de radioterapia, que se diferenciam pela localização da fonte de radiação, a teleterapia e a braquiterapia. Na teleterapia a fonte radioativa é localizada distante do tumor.
Na braquiterapia a fonte radiativa é localizada próxima ao tumor. A braquiterapia possui menos utilização do que a teleterapia.
Até o ano de 1950, a radioterapia era realizada com aparelhos de Raios-X, a energia gerada nesses equipamentos eram de 300 kV, chamados de ortovoltagem. Esses aparelhos foram diminuindo de uso na radioterapia com o avanço dos aparelhos.
Em 1960 foi introduzido um novo equipamento, com uma unidade de cobalto 60. A energia média produzida é de 1,25 MeV. Outro equipamento que também utilizava fonte de radiosótopo foi o aparelho com césio 137, devido a sua meia-vida de 30 anos, o aparelho com unidade de césio teve sua utilização interrompida.
Em 1987, aconteceu o maior acidente radioativo do Brasil. Em uma clínica de radioterapia abandonada, dois catadores de sucata recolheram peças de um aparelho de radioterapia. Nesse aparelho havia uma unidade de césio 137 e a cápsula foi rompida.
O acidente ocorreu em Goiânia, onde quase toda a cidade foi contaminada pelo césio 137. Um fato que ficou conhecido como Acidente de Goiânia. Na época já não se utilizava mais o césio 137 com fonte na radioterapia. O caso aumentou o medo da radiação e de procedimentos médicos com radioatividade.
Nessa evolução outro equipamento foi desenvolvido, o Acelerador Linear (LINAC). O Acelerador Linear é um aparelho que utiliza ondas eletomagnéticas de alta frequência para acelerar elétrons. A energia tem média de dezenas de MeV.
O feixe de elétrons pode ser usado para tratamentos superficiais ou interagir com um alvo e produzir Raios-X de alta energia para tratamentos mais profundos. Os Aceleradores Lineares evoluíram com o tempo, alterando em design e acoplando outras funções.
A imagem acima é um Acelerador Linear Robotizado da Varian Systems. É possível controlar os movimentos do aparelho através da mesa de comando, a proposta do fabricante é que os tratamentos sejam mais curtos. Estes aparelhos ainda não chegaram no Brasil. Devido ao custo, algumas novidades da Radioterapia ainda são sonhos de muitos profissionais.
A radioterapia evolui junto com os métodos de Diagnóstico por Imagem, a Física, a biologia, a informática e a engenharia. Dessa forma, diferentes técnicas de tratamento foram desenvolvidas, como a radioterapia conformacional, radioterapia esterotática, radioterapia com intensidade de feixe modulado (IMRT) e radioterapia guiada por imagem (IGRT).
Radioterapia Convencional
A radioterapia convencional ainda é uma técnica muito empregada no Brasil. A técnica possui aplicação em muitos casos, dependendo da situação clínica.
O planejamento do tratamento é realizado de radiografias simples. A área a ser irradiada é delimitada pelo conhecimento de anatomia do médico. Dessa forma, a irradiação é realizada em grandes volumes, com maior potencial de complicações. Porém, se bem planejada, a radioterapia convencional pode ser utilizada em diversas situações clínicas.
No entanto, a radioterapia convencional não é recomendada para regiões de crânio, pescoço, tórax, abdome e pelve, essas regiões precisam de planejamentos seguros de distribuição de dose, com imagens e sistemas computadorizados. Para essas regiões, a radioterapia conformacional é mais indicada.
Radioterapia Conformacional 3D
A radioterapia conformacional foi desenvolvida para ser aliada ao planejamento com aquisição de imagens. Através dos exames de imagens de cada paciente é definido o volume alvo e os tecidos vizinhos normais, assim o planejamento de dose é realizado de forma individual.
Utiliza imagens adquiridas por tomografia computadorizada, ressonância magnética ou tomografia por emissão de pósitrons e as transfere ao computador de planejamento para criar uma imagem tridimensional do tumor.
As doses prescritas na radioterapia conformacional possui menos complicações quando comparada a técnica de radioterapia convencional. Conforme o planejamento, o volume alvo recebe doses de diferentes pontos, conhecidos como campos de tratamento.
Radioterapia de Intensidade Modulada (IMRT)
A radioterapia conformacional possui algumas dificuldades em algumas situações clínicas, principalmente em áreas em que o volume alvo é irregular e próximo a estruturas sensíveis a radiação. Por isso, a radioterapia de intensidade modulada (IMRT) foi desenvolvida, para superar as limitações da radioterapia conformacional.
A técnica de IMRT modula a intensidade do feixe de cada campo de tratamento. Funciona da seguinte maneira, é colocado um filtro na frente do feixe, esse filtro leva em conta as estruturas anatômicas que o feixe irá interagir. Dessa forma, cada campo de tratamento possui também um subcampo.
A dose de radiação é distribuída no volume alvo com alta concentração, de forma conformacional, mas diminuindo o feixe nos tecidos normais. Para o tratamento da IMRT, são necessárias ferramentas modernas, como acelerador com colimadores de múltiplas lâminas (MLC), sistemas de controle computacional, controle de qualidade adequado e acessórios específicos de dosimetria.
Radioterapia Guiada Por Imagem (IGRT)
A Radioterapia Guiada Por Imagem (IGRT) tem o objetivo de melhorar a eficiência da dose através de imagens obtidas pelo próprio equipamento. Desse modo, diminui ainda mais as margens ao redor do volume alvo, possibilitando uma distribuição precisa de dose.
A IGRT possui importância durante o tratamento, pois é possível verificar as mudanças que podem ocorrer na localização e no tamanho do tumor através das imagens. A IGRT fornece informações importantes para um controle de qualidade adequado dos tratamentos com radioterapia, como o IMRT e a Conformacional.
No próximo artigo vamos abordar as diferentes técnicas de Radioterapia Estereotáticas, a Arcoterapia Volumétrica Modulada (VMAT) e a Radioterapia com Feixes de Prótons. E ainda tem mais técnicas que ainda nem chegaram no Brasil.
Até a próxima.