O objetivo da uretrocistografia retrógrada é demonstrar toda a uretra. Dentre vários motivos que levam á indicação do exame, os mais comuns, são para visualização de estenose e obstruções do canal da uretra.
Sabemos que a uretra masculina “passa” por entre a próstata. Sabendo disso, um aumento prostático resulta no estreitamento (estenose), do canal da uretra, dificultando assim, a passagem da urina. Existem outros fatores e indicações, mas praticamente , 90% dos casos, se resultam a isso.
uretrocistografia retrogada
Dentre os materiais utilizados para a realização do exame, devemos destacar a Pinça de Brodney, a qual é acoplada no meato externo da uretra e fixado ao pênis (o exame também pode ser realizado com uma seringa de 20 ml comum ou ainda com uma sonda de Foley).
pinça de brodney
Não irei abordar toda a descrição do procedimento, mas claro, deve ser feita assepsia da região.
Paciente em DD. Coloca-se o paciente com rotação de 30º com a perna flexionada. O pênis deve ficar sobre a coxa flexionada (posteriormente inverter os lados direito e esquerdo). Após realização da assepsia, é acoplada em sua uretra a pinça de Brodney, através da qual deve ser injetado o contraste.
uretrocistografia retrogada
Com a pinça de Brodney acoplada ao meato externo na uretra, iniciamos a aplicação do meio contraste que pode ser diluído ao soro fisiológico (70-30%). A primeira aplicação (20 ml), é feita para certificar que a pinça está bem acoplada, sem refluir o meio de contraste e também, para dar volume a quantidade total aplicada (uma vez que o contraste tem que chegar até a bexiga).
Com o pênis tracionado, realizamos radiografia da pelve (com visualização de toda uretra) durante a aplicação do contraste (20ml para cada incidência). O orientado é visualizar a uretra em três posições, OAD, AP e OPE. Deixo aqui uma observação.
Conheço vários serviços que realizam apenas uma das incidências, muitas vezes a pedido do próprio radiologista. Porém, como sempre digo em minhas aulas, devemos respeitar alguns procedimentos que para o médico radiologista não chega a ser importante, mas para o médico especialista (geralmente urologista), é de extrema importância.
Digo isso, porque inúmeras vezes, presenciei imagens, que poderiam indicar alguma patologia, porém, ao se realizar uma incidência diferente, temos a certeza que a imagem posterior, foi apenas um erro de posicionamento (dobras ou sobreposições do canal da uretra), conforme as imagens de Uretrocistografia Retrógrada que serão demonstradas a seguir.
uretrocistografia retrógada-04
Quando se trata de uma patologia, ela fica visível nas outras incidências. Já um erro de posicionamento, dificilmente ocorrerá nas três incidências. Portanto, já que se vai realizar o exame, melhor fazê-lo completo, para que não se levantem dúvidas quanto ao diagnóstico.
Estenose do canal da uretra proveniente de aumento prostático.
uretrocistografia retrógada
Nota: É de extrema importância que o contraste injetado pela uretra chegue até a bexiga. Caso isso não ocorra, refaça a colocação da pinça ou tente mudar as posições do pênis. NUNCA force a aplicação e não introduza sondas até a bexiga (não faz parte do procedimento deste exame e pode causar sangramento e feridas internas).
Muito bem, foi uma abordagem rápida e simplificada do exame de Uretrocistografia Retrógrada. Mas acredito que ajude um pouco aos que não possuem tanta experiência e aos que são estudantes.
Na próxima publicação abordaremos Uretrocistografia Miccional.
Até breve!